sábado, 22 de outubro de 2016

Amor de pequenos encontros


Confesso que odeio seus atrasos, sempre chego aos lugares pelo menos uma hora antes, é tradição. Não foi diferente dessa vez, cruzei toda a cidade pra ir comer um simples Mc Lanche. Ok, não foi pelo Mc Lanche, foi só pra estar em sua companhia , mas eu, inocente, não imaginava as horas terríveis e maravilhosas que eu teria pela frente. Droga! Estou me sentindo o Clark Kent com esses óculos, ainda não me acostumei com eles. De cara, ela chega e já repara, me elogia, eu me sinto o máximo. Também está linda, sempre está, isso é incrível! Não paro de olhar pra ela, normal. Hora de comer, mas que droga, não tem os heróis da DC como brinde e não conseguimos entrar num consenso sobre qual hambúrguer pedir, ela sugere Subway, topo na hora, mais saudável, para o corpo e para o bolso. O lugar estava vazio, exceto pelos atendentes com seus uniformes engraçados, pedimos um sanduíche de 30 cm, refri pra acompanhar. Sempre sou o último a terminar de comer, acho que por que falo demais, (apesar de que, dessa vez, eu fui mais ouvinte que locutor) e por que gosto de mastigar bem os alimentos. Conversa fluída, Franca, sincera. Sempre damos risada e lamentamos nós mesmos e nossas vidas. Uma pausa para assistir um casal de lésbicas se beijando na mesa ao lado, ela se coloca entre mim e aquela visão, ciúmes, não disfarça nem um pouco.
No meio de toda aquela conversa sobre a vida eu deixo escapar a minha ferida, falo da minha dor, do espinho da minha carne. Achei que eu fosse chorar, eu não podia, não ali, não em sua frente. Oh, droga, foi constrangedor, não gosto de parecer fraco, mas me deixei abalar.
Precisávamos ir ao banheiro, era no andar de baixo, descemos as escadas juntos e esfregando os cotovelos, transpirei pelas mãos, para variar. Na volta, Brincou comigo e devolvi "Não me dê sopa, hoje to de garfo", risadas.

De lá fomos ao supermercado, não tínhamos nada pra fazer além de andar e falar da vida, não sei por que, acabei dançando com ela uma "valsa" muito estranha e desajeitada, no meio da sessão de perfumaria e higiene o que me fez rir muito quando parei pra lembrar, que onda!

Fomos ao ponto, ainda ando de ônibus, fazer o que?! Meus olhos não desgrudavam daqueles olhos, eles conversam entre si, é lindo aquele brilho. Eles sabiam antes mesmo de nós que ficaríamos distantes por algum tempo, eles estavam se amando como se fosse a última vez, também era triste, e foi bem mais triste quando meu ônibus chegou. Ao menos, dessa vez, enxerguei o itinerário! Aquele abraço que sempre acho que aperto demais e é sempre apressado, quando penso um pouco, já estou no ônibus. Mesmo de dentro meus olhos procuram, ela já estava na sinaleira, mas pude vê-la novamente, uma migalha de amor, já me deixou sorrindo, novamente, apesar da melancolia da despedida... Depois disso, o ônibus freiou forte, eu estava contando as moedas pra pagar e não estava segurando, voei pela roleta e fui parar no meio do ônibus, que constrangimento, aquele povo todo me olhando e rindo baixo... Bem, nem todo dia é perfeito, mas esse, esse passou perto de ser.

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